As entidades representativas de Praças
e Bombeiros do Rio Grande do Norte vem a público repudiar o tratamento
dispensado a um representante da categoria pelo Comandante do Corpo de
Bombeiros,indicação direta do governador Robinson Faria – cuja gestão se autodenomina
“o governo da segurança”.
Em contraponto a promessa feita em
campanha de diálogo permanente, o caso demonstra que, na prática, as medidas
tomadas pelo Executivo potiguar nada mais são que retrógradas, como se verá. O
Presidente da Associação de Bombeiros Militares do RN, Dalchem Viana, recebeu
sanção disciplinar, constituída em três dias de prisão, apenas por praticar
atos nos quais representava seus associados.
Às categorias, inclusive, causou estranheza
tal postura, que mais lembra punições dos tempos da ditadura, desde há muito
extinto no Brasil. Mais ainda em um mandato cujo governador, que, em reuniões,
mostrou-se surpreso com os regulamentos militares, datados de 1982, os quais
colocam o operador de segurança pública em condições de subcidadania. As normas
permitem, por exemplo, a prisão administrativa, um absurdo do ponto de vista
jurídico, tendo em vista a nova ordem legal, plenamente democrática, implantada
pela Constituição da República de 1988.
A despeito disso, é notório a
continuidade, no meio militar, de um comportamento discrepante do novo
ordenamento jurídico. À vista disso, na ocasião da campanha eleitoral e mesmo
depois, em seu discurso de posse, o governador assegurou às categorias da área
novos tempos de cidadania, por meio principalmente da atualização e da
modernização legislativa. Como se vê, as promessas não saíram do campo das
ideias.
Conforme nota de punição em anexo,
vê-se que o presidente Dalchem Viana acaba de receber nota de punição por
simplesmente convocar seus associados a participar das discussões, cuja pauta é
comum a todos os militares do RN. E, destaque-se, a prisão administrativa foi
imposta mesmo sendo Viana presidente de uma associação de bombeiros, pessoa
jurídica de direito privado de conhecida utilidade pública.
Tal sanção nada mais demonstra que a
nítida nuance de perseguição política, uma medida paradoxal, partida de um
governo que se diz estritamente democrático e aberto ao diálogo, como o é
àquele do governador Robinson Faria.
É inconcebível que na vigência do
Estado Democrático de Direito, um legítimo representante seja preso por um mero
chamamento de associados da entidade privada para participar de reunião oficial
do Corpo de Bombeiros. É oportuno salientar que o companheiro tem uma conduta profissional
irrepreensível. Nos quase dez anos de serviços prestados à sociedade potiguar,
nunca foi advertido sequer, fato ratificado pelo comportamento excepcional que
consta em seus registros no CBM.
Por tudo isso, as entidades, reunidas
em fórum, decidiram que acionarão as entidades defensoras de direitos humanos
estaduais, nacionais e cortes internacionais para comunicar a afronta aos
princípios e aos tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil
é signatário, bem como irão requerer audiência com o Governador para tratar do
ocorrido.
Natal, 21de setembro de 2016.
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