Foto: Divulgação |
A morte do Cabo da Polícia Militar Francisco Osmar dos Santos, no
momento em que realizava um trabalho extra-PM - o chamado "bico", traz à
tona uma reflexão sobre o que leva tantos policiais a realizarem tal
atividade em suas folgas.
Os chamados "bicos" já viraram rotina para a maioria dos policiais
militares. Não bastasse as exaustivas e perigosas jornadas de trabalho a
que são submetidos, levando-os muitas vezes ao extremo nas suas
condições físicas e emocionais, que, alguns casos, provocam doenças mais
graves, como depressão, alcoolismo, problemas cardiovasculares,
transtornos psiquiátricos e, até mesmo, a desestruturação familiar,
policiais precisam realizar trabalhos extras, em alguns casos fora da
PM, para complementar sua renda familiar.
É evidente que a necessidade de complementar o salário leva o
policial a realizar essas atividades extra-PM, já que direitos
garantidos aos demais trabalhadores civis, são cerceados dos policiais,
como o adicional noturno e o pagamento de horas extras. Muitas das
vezes, os policiais têm o dever de permanecer em serviço, sem a devida
remuneração, quantas horas sejam necessárias em situação de flagrante
delito.
O "bico" serve como uma válvula de escape do PM, que recorre àquela
para realizar algum projeto de vida, como a aquisição de uma casa
própria ou algum veículo, entre outros, já que as remunerações pagas a
esses servidores não sofrem reajustes anuais, como o salário mínimo,
ficando rapidamente defasadas à realidade do sistema
econômico-financeiro.
Há quem defenda o "Bico Legal", mas, como bem falou uma conhecida
vereadora de Maceió, isso em nada mudaria a situação dos policiais, já
que seria apenas a legalização do aumento da exploração de uma força de
trabalho já extremamente explorada.
Quantos PM's ainda terão que morrer em "bicos" para que se perceba
uma falha que há anos existe, que já no ano de 1837, apenas três anos
após a criação do Corpo Policial da Província do RN, o então Presidente
da Província Silva Lisboa, em sua Carta do Presidente da Província,
lembrava da importância de uma "gratificação correspondente à grandeza
do trabalho e ao peso da responsabilidade" desses bravos guerreiros que
compunham o que viria a se tornar alguns anos mais tarde a Polícia
Militar do Estado do Rio Grande do Norte.
Fonte: Soldado Gláucia via Portal BO
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