quinta-feira, 20 de junho de 2013

NOTA À POPULAÇÃO

“Acompanhando os acontecimentos das últimas semanas, com milhares de pessoas nas ruas em diversas cidades do país, podemos constatar que, ao contrário do que os Gestores Públicos e os veículos de comunicação de massa propagam, a motivação para tanta gente nas ruas, em tantas cidades não é apenas o reajuste do valor das passagens de ônibus, trem e metrô.

Muito mais está em jogo. O aumento das passagens foi apenas o estopim para manifestar o limite da paciência e da insatisfação com a maneira como o povo é tratado/destratado no país.

Nós operadores de segurança publica, policiais militares ou bombeiros militares, mais especificamente, ficamos no meio do fogo cruzado. Enquanto a população se reúne para protestar, o Estado nos reúne para reprimir. A mídia tem colocado os Policiais que vêm atuando na repressão aos excessos cometidos pela minoria dos manifestantes como os algozes daquele movimento reivindicatório legítimo e necessário.

Diversos pseudo-especialistas em operações policiais vociferam argumentos sobre proporcionalidade das ações de contenção e dispersão dos manifestantes, acusando os operadores de segurança de arbitrários e violentos. O que não vemos ser veiculado é que aqueles trabalhadores (policiais são antes de qualquer coisa trabalhadores) estão cumprindo ordens. Se o policial, que é escalado para coibir excessos, atira com balas de borracha  contra manifestantes, ele está cumprindo ordens. Se avança sobre a turba (essa é a denominação adotada) para dispersá-la, está cumprindo ordens. Se, usa spray de pimenta ou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, continua cumprindo ordens. Ordens repassadas pelos superiores hierárquicos, responsáveis pela operação, mas com certeza, emanadas pelo Estado. Pelo Governo.

Para situar melhor o leitor desavisado, desconhecedor da realidade vivida dentro dos Quartéis, afirmamos que não será surpresa se a Guarnição da PM que, juntamente com os manifestantes, sentou em via publica durante manifestação em São Paulo, e foi aplaudida pelos presentes, seja disciplinarmente sancionada por ter quebrado o decoro e o pudor militar, enquanto que àqueles que deram tiros com balas de borracha em altura acima da cintura saiam ilesos, sem qualquer consequência.

O Estado é o detentor do direito do “uso da força” para a garantia do “cumprimento da lei”. O Operador de Segurança Publica é o instrumento do Estado para a concretização de sua força. Quando esse instrumento estatal entra em embate com o Estado, reivindicando direitos básicos, previstos aos cidadãos e demais trabalhadores como definição de jornada de trabalho, remuneração digna, capacitação profissional, equipamentos e estrutura para o bom desempenho de suas atribuições, ele é reprimido administrativamente e, se for o caso, pelas Forças Armadas. Isso sem contar, muitas vezes, com o apoio da população que está acostumada a ser vitima destes atores sociais.

O que queremos dizer com toda essa avaliação é tão somente que as Associações Representativas de Praças da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, apoiam e acham justa toda forma de manifestação popular que se dê de forma racional, pacífica e ordeira. Somos todos trabalhadores e POVO, que luta diuturnamente, no nosso caso específico, pelo direito de lutar por direitos. E entendemos, principalmente, que os episódios que vêm  acontecendo excedem em muito, a indignação pelo aumento das passagens. Vamos adiante, que a razão esteja ao nosso lado, e que o resultado desejado seja alcançado”.

ASSOCIAÇÕES REPRESENTATIVAS DE POLICIAIS MILITARES E BOMBEIROS MILITARES DO RIO GRANDE DO NORTE

ASSPMBM/RN – ACSPM/RN - APBMS – APRAM – ASSPRA – ABM/RN

0 comentários:

Postar um comentário