domingo, 25 de agosto de 2013

SOLDADO PM: HERÓI ESQUECIDO

Por Luís Flávio Rabelo Fernandes* 
 com profundo descontentamento e pesar que passo a discorrer minha breve, mas realística homenagem ao DIA DO SOLDADO, aqui especificamente nosso soldado policial militar. Digo isso, pois muito pouco se tem a comemorar. Um dia que era para ser coroado com esplendidas e vigorosas lembranças, conquistas e avanços, civismo e patriotismo, torna-se uma “via crucis” quando na realidade existe um cotidiano de descaso e descumprimento à direitos básicos que o policial diariamente submete-se. 

Profissional dedicado, cidadão valoroso, homem que arrisca diuturnamente sua vida em detrimento da segurança da sociedade, vê-se suprimido por décadas e décadas de estagnação no exercício de suas garantias profissionais. Se não vejamos: seus regulamentos disciplinares ainda permanecem arcaicos, há escassez de uma proposta factível de ascensão profissional, não lhes é garantida uma digna remuneração salarial,  não vemos humanização das jornadas de trabalho,  muitos são submetidos a desvio de funções, inexistência de acompanhamento psicológico adequado na área de saúde, dentre  outros.  E isso principalmente capitaneados pela “desgonvernança” política daqueles que eram para ser obrigados a administrar condigna e competentemente a nossa segurança pública. 

É inegável evidenciar que existem também ingerências por parte de alguns membros que comandam diretamente unidades policiais militares, no caso de Oficiais. Estes fatos, lógico, também devem ser acompanhados internamente e compelidos a encontrar soluções humanísticas no nível de melhoramento nas relações interpessoais entre comandantes e comandados. Afinal todos nós somos soldados da sociedade.  Mas o fato é que na realidade estes “superiores” também estão sujeitos às ingerências governamentais, pois os níveis de decisão nas mudanças estruturais absolutas da segurança perpassam preponderantemente pelo Estado. Inclusive o comandante geral da Polícia Militar é escolhido diretamente pelo seu chefe maior, no caso Governador ou Governadora. 

Como então não questionar o poder de decisão do militar? Até que nível este pode gerenciar?  Concursos a nível estadual para admissão a soldado também são decididos e definidos por quem esta a frente do governo a qualquer época, da forma que lhes for mais conveniente, e isso também nos leva a crer que: quem nos convence de que estes aspirantes a policial não possam também ser utilizados como moeda de troca eleitoreira?  Sinceramente acho que isso é o que vem acontecendo há muito tempo, não obstante, quantos e quantos soldados, ouvimos, queixando-se de sua má formação pelo pouco tempo de curso! Inclusive estes noviços são, muitas vezes, de forma abrupta “lançados” e cobrados a ofertar nas ruas uma segurança de excelência para o vislumbre e deslumbre dos muitos desinformados cidadãos eleitores.  Será que estes estão realmente preparados? Percebamos, que o reconhecimento do verdadeiro valor do nosso soldado enquanto profissional é no mínimo questionável. 

Infelizmente estas são algumas considerações que não poderíamos de forma alguma deixar de externar neste dia tão relevante. Na minha humilde concepção acho que a plenitude do exercício da liberdade de expressão e a livre manifestação democrática de pensamento, na evidência de seu descontentamento, são a maior e melhor homenagem que nossos soldados heróis estão almejando para o dia de hoje. O desejo ávido de mudanças concretas, seria o presente mais belo. E a expectativa da continuidade dessas mudanças a solução maior sonhada para um futuro próximo. Se quiserem heróis mesmo, contudo, sintam-se homenageados."

Luís Flávio Rabelo Fernandes é Capitão da Polícia Militar do Rio Grande do Norte.    
  

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